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Veganismo e vegetarianismo

 

Estilo de vida com opções alimentares mais saudáveis ganha cada vez mais adeptos no Brasil; conheça as diferenças e características de cada uma dessas filosofias.

De acordo com uma pesquisa do Ibope, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira, até 2018 o número de vegetarianos no Brasil já era próximo de 30 milhões de pessoas. O índice pode ser considerado histórico: em relação a 2012, o crescimento foi de 75%.

Se levarmos em consideração apenas as cidades e regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Recife, o índice chega a 16% (contra 14% da população total do país). Ainda segundo a mesma pesquisa do Ibope, o interesse por produtos veganos vem crescendo.pimenta-vermelha

Mais da metade dos entrevistados (55%) declara que consumiria mais produtos veganos se estivessem melhor indicados na embalagem, ou se tivessem o mesmo preço que os produtos que estão acostumados a consumir (60%). Nas capitais, esta porcentagem sobe para 65%.

Mas afinal, por que esses números não param de crescer? Por quais razões é cada vez maior o número de pessoas que decide excluir os alimentos de origem animal do cardápio em prol de uma alimentação mais saudável? Neste artigo especial, conheceremos mais detalhes sobre o veganismo e o vegetarianismo para que você possa tirar todas as suas dúvidas.

Quais são as principais formas de vegetarianismo?
O vegetarianismo pode ser definido de maneira simples como uma opção alimentar baseada no consumo de alimentos de origem vegetal. Entretanto, as razões pelas quais as pessoas deixam de comer carne ou produtos de origem animal, como laticínios ou ovos, variam devido a uma série de fatores.

Seja pelo respeito à vida dos animais, por motivações éticas e religiosas, ou por fatores relacionados à saúde, ao meio ambiente, à estética e à economia, o fato é que a opção de não consumir alimentos de origem animal costuma ser uma decisão consciente, independentemente das motivações.

Dentro do vegetarianismo, existem diversas correntes, sendo algumas mais permissivas e outras mais restritivas. Em comum entre elas, podemos citar o fato de que os vegetarianos não consomem carnes vermelhas, brancas ou suínas.

As formas mais comuns de vegetarianismo são as seguintes:
Ovolactovegetarianismo
Os ovolactovegetarianos não consomem nenhum tipo de carne na alimentação, mas incluem produtos de origem animal como mel, ovos, leite e derivados. Muitas das pessoas que se tornam vegetarianas começam assim.

Lactovegetarianismo
Os lactovegetarianos também não consomem nenhum tipo de carne na alimentação e também excluem os ovos. Nesse caso, os únicos produtos de origem animal consumidos são os laticínios e o mel. Como curiosidade, essa é a alimentação tradicional da população indiana.

Ovovegetarianismo
Os ovovegetarianos só diferem dos lactovegetarianos em um item: o consumo de ovos. Nesse caso, eles incluem ovos na alimentação, mas excluem o leite e seus derivados. Da mesma forma, as carnes brancas e vermelhas também ficam de fora.

Vegetarianismo semiestrito
O chamado vegetarianismo semiestrito exclui praticamente todos os alimentos de origem animal, incluindo as carnes, os ovos, o leite e seus derivados. A única exceção aqui é o mel, permitido dentro dessa perspectiva.

Vegetarianismo estrito
Por fim, temos ainda o vegetarianismo estrito, no qual são excluídos todos os alimentos de origem animal. É importante ressaltar que embora essa forma de vegetarianismo seja frequentemente confundida com o veganismo, os conceitos são um pouco distintos.

Outras formas de vegetarianismo
Além dessas formas de vegetarianismo que são consideradas as mais comuns, existem também outros estilos que excluem os alimentos de origem animal que são dignas de menção: crudívoros, frugívoros e flexitarianos.

Crudívoros
Tem como base o consumo de alimentos crus, como sementes, frutas, vegetais e grãos. Os adeptos do crudivorismo não ingerem alimentos de origem animal ou vegetais que tenham sido cultivados com adubo químico ou pesticidas.

Frugívoros
Já o frugivorismo consiste na ingestão de frutas, verduras e legumes e nada mais. Nesse caso, os alimentos podem ser consumidos crus, cozidos ou em forma industrializada. Cereais e produtos de origem animal ficam de fora.

Flexitarianos
Os flexitarianos não são considerados vegetarianos, mas essa forma de dieta é digna de menção, pois costuma ser uma porta de entrada para os demais estilos. Os flexitarianos não comem carne vermelha ou suína, mas permitem o consumo de carnes brancas, como aves e peixes.

Por fim, a própria Sociedade Vegetariana Brasileira promove uma campanha chamada “Segunda sem Carne”

O movimento não é considerado uma dieta ou uma forma de vegetarianismo, mas funciona como uma oportunidade de reflexão para aqueles que consomem carne diariamente.

A proposta é eliminar esse tipo de alimento aos poucos, ao menos uma vez por semana.

Outras correntes mais recentes incluem a dieta plant-based, que propõe uma alimentação baseada em vegetais integrais, ou seja, mais vegetais e alimentos minimamente processados e corte total dos industrializados.

O que é ser vegetariano?
A proposta do vegetarianismo é a de que a população adote um cardápio exclusivamente de origem vegetal, excluindo todos os alimentos de origem animal, ainda que eles não resultem na morte de um animal. É o caso do leite, dos ovos e do mel, por exemplo.

A escolha desse tipo de sistema alimentar pode se basear em múltiplos fatores. Alguns decidem eliminar o consumo de alimentos de origem animal em prol de uma alimentação mais saudável, enquanto outros o fazem por motivações religiosas, ecológicas, sociais ou puramente por opção pessoal.

Segundo a Sociedade Vegana, há muitos estudos que mostram que o vegetarianismo está relacionado com uma melhor qualidade de vida.

Ainda, de acordo com a entidade, vegetarianos sofrem menos com problemas de diabetes, arteriosclerose, reumatismo, hipertensão, osteoporose, anemias, doenças cardíacas, doenças renais, doenças respiratórias, derrame, esclerose múltipla, alguns tipos de cânceres e obesidade.

Historicamente, o vegetarianismo tem origem na tradição filosófica indiana, que sugeria o não consumo de produtos de origem animal como uma forma de pureza e de evitar contaminações.

A visão de respeito em relação aos animais surgiu mais tarde, no final do século XIX, na Europa. Pautados na natureza, os românticos exaltavam os animais e apontavam as falhas humanas embasadas na crença supremacista.

Em 1802, Joseph Ritson lançou o livro “An Essay on Abstinence from Animal Food: as a Moral Duty”, seguido por “The Return to Nature, or, a Defense for the Vegetable Regimen”, de 1811, escrito por John Frank Newton. Em 1813, Percy Bysshe Shelley publicou “A Vindication of Natural Diet”. Já em 1815, William Lambe endossou o discurso em favor do vegetarianismo com a obra “Water and Vegetable Diet”.

Esses quatro escritores britânicos, que também eram ativistas vegetarianos e lutavam pelos direitos dos animais, se tornaram precursores do que conhecemos hoje como veganismo.

O que é ser vegano?
O veganismo é uma forma de vegetarianismo, mas a adoção desse estilo de vida não se limita à alimentação. Em termos dietéticos, os veganos podem ser considerados vegetarianos estritos, não consumindo nenhum alimento de origem animal. No entanto, o conceito vai um pouco além, pois os veganos excluem também o uso de qualquer produto de origem animal, seja no vestuário ou no dia a dia.

Os veganos não consomem produtos ou materiais derivados de animais, como aqueles feitos de couro ou lã, nem produtos testados em animais e não frequentam locais que utilizem animais para fins de entretenimento, como espetáculos circenses ou zoológicos.

O VEGANISMO NÃO É UMA DIETA, MAS SIM UMA FILOSOFIA DE VIDA QUE VAI ALÉM DE ASPECTOS ALIMENTARES.
donald-watson

O veganismo passou a ser debatido na década de 40, a partir do momento que médicos e especialistas passaram a se opor publicamente ao consumo de ovos e laticínios. O termo vegan [vegano] foi criado em 1944 pelo marceneiro britânico Donald Watson e, desde então, transformou-se em um movimento político, ético e de estilo de vida.

Em 1944, foi criada a Vegan Society, na Inglaterra, entidade responsável por propagar essa filosofia. Somente em 1949 a Sociedade Vegana definiu com clareza os objetivos do veganismo, e por sugestão do teólogo e vice-presidente da entidade, Leslie J. Cross, vegano desde 1942.

Ele sugeriu que a prioridade seria a luta pelo fim da exploração animal, no que diz respeito a alimentos, commodities, trabalho, caça e vivissecção. O dia 1º de novembro é considerado o Dia Mundial Vegano, em uma referência à data de fundação da entidade.

Os principais benefícios do vegetarianismo e do veganismo
É possível adotar uma dieta vegetariana sem comprometer nenhum aspecto da sua saúde. Há dezenas de estudos que mostram que a adoção desse estilo alimentar é segura, desde que planejada de modo adequado. Como consequência, os benefícios incluem redução do risco de doenças cardiovasculares, de diversos tipos de câncer, diabetes tipo 2, apenas para citar algumas.

A adoção desse estilo de vida é benéfico também para a natureza. Em entrevista à BBC, Tim Benton, especialista em segurança alimentar da universidade de leeds, no Reino Unido, explica que, nos Estados Unidos, uma família de quatro pessoas emite mais gases responsáveis pelo efeito estufa por incluir carne em sua dieta do que por dirigir dois carros.

O ESPAÇO OCUPADO PELA CRIAÇÃO DE GADO DE CORTE COMPROMETE A BIODIVERSIDADE E TRANSFORMA O USO NATURAL DA TERRA.
Marco Springmann

Marco Springmann, pesquisador do programa Future of Food, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, afirma que, se a carne vermelha fosse retirada da dieta mundial até 2050, as emissões de gases poluentes ligadas à produção de alimentos cairiam impressionantes 60%.

É por essa razão que diversas indústrias e institutos de pesquisas têm buscado alternativas, como a “carne vegetal”.

O que é carne vegetal?
Muitas pessoas que gostariam de adotar um estilo vegetariano não o fazem por não querer renunciar a certos tipos de produtos e sabores que a alimentação com produtos de origem animal proporciona. No entanto, se você pudesse adotar uma dieta vegetariana sem deixar de continuar comendo hambúrguer sempre que tiver vontade, não seria ótimo?

Assim surgiu a chamada “carne vegetal”. Trata-se de um preparado à base de proteínas vegetais que resultam em um produto final com aspecto e textura similares aos dos itens de origem animal. A carne vegetal pode ser feita de diferentes tipos de ingredientes, como soja, seitan (carne de glúten), quinoa, tempeh, jaca verde, feijão, grão-de-bico, cogumelos e ervilhas, entre outros.

Publicado originalmente em https://caldobom.com.br/veganismo-vegetarianismo-tudo-sobre/

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